Sustentabilidade & Inovação
- Ellen Cristina Santos
- 3 de set. de 2021
- 6 min de leitura
Saiba da importância da indústria 4.0 nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e também da Agenda 2030, que é muito importante para a sustentabilidade.
Atualmente, estamos vivenciando uma nova fase de surgimento de novas tecnologias que são capazes de impor uma maior eficiência e produtividade aos processos, chamada Indústria 4.0.
Assuntos relacionados à sustentabilidade fazem parte cada vez mais do cotidiano das associações de bairro, empresas, governos, escolas e, principalmente, dos moradores de qualquer cidade que desejam ter melhores condições de vida e em equilíbrio com a natureza.
Neste contexto, a ONU reuniu estudiosos do assunto ao redor de um longo processo de priorização da temática dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), descritos na Agenda 2030.
Este artigo procura contextualizar a importância dessas novas tecnologias que chegam com a Indústria 4.0 em favor da Agenda 2030.
Para abordarmos o tema, devemos analisar os seguintes assuntos:
O que é a Indústria 4.0?
O que é Sustentabilidade?
Como foi estruturada a Agenda 2030?
Por que é importante o uso dos fundamentos da Indústria 4.0 em favor da Agenda 2030?
O que é a Indústria 4.0?
Para o entendimento do que significa a Indústria 4.0, é importante fazermos um breve histórico do conjunto de tecnologias utilizadas ao longo do tempo, desde o aparecimento das primeiras indústrias até os dias atuais.
De acordo com Chiavenato (1983), no século XVIII tivemos a chamada 1a Revolução Industrial, capaz de contribuir com a nova economia devido à invenção da máquina a vapor por James Watt (1736-1819), tecnologia que impulsionou a produção na época.
A partir deste momento, deixamos de ter uma economia plenamente artesanal. A nova descoberta não só contribuiu para o aparecimento das indústrias como também favoreceu a logística com o surgimento dos navios e locomotivas a vapor.
Na segunda Revolução Industrial, no século XIX, destacam-se a substituição do ferro pelo aço, o emprego da eletricidade, do petróleo, além de transformações significativas nos transportes, comunicações e no desenvolvimento dos aviões e automóveis.
No século XX, temos o surgimento da terceira Revolução Industrial, com o desenvolvimento dos sistemas eletrônicos e de informação, fundamentais para a expansão da automação dos equipamentos e da indústria.
Por fim, a partir do Século XXI, temos a quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0, capaz de unir as mais diversas soluções gerenciais e de tecnologias disruptivas que, até então, jamais tinham sido vistas.
No que se refere à construção das principais tecnologias da Indústria 4.0, vale ressaltar que o que se tem conhecimento ainda não esgota os assuntos a serem englobados para o futuro.
É provável que muitas soluções e tecnologias ainda surjam e, a partir de um determinado momento, passem a compor o que hoje entendemos como a quarta Revolução Industrial.
Como base para o estudo destas novas tecnologias são considerados 4 principais fundamentos. São eles:
Virtualização: capaz de proporcionar o monitoramento remoto e simulação computacional em favor da tomada de decisão.
Tempo real: o sistema deverá ser capaz de proporcionar a análise de dados e acompanhamento dos processos em tempo real.
Descentralização dos processos decisórios: sistemas serão capazes de tomar decisões a partir de programações e configurações feitas previamente por profissional qualificado.
Modularização: o maquinário deverá produzir de acordo com a demanda. Desta forma, serão utilizados apenas os recursos necessários para a realização de cada tarefa.
Os fundamentos acima são considerados condições necessárias para que tenhamos um ambiente correspondente ao que hoje percebemos como Indústria 4.0.
A partir destes fundamentos, 10 grandes áreas estão sendo consideradas como as tecnologias mais promissoras. Assim sendo, podemos considerar os seguintes pilares da Indústria 4.0:
Internet das coisas
Computação em Nuvem
Inteligência Artificial
Realidade Virtual/Aumentada
Big Data
Robôs Autônomos
Simulação Virtual
Cibersegurança
Manufatura Aditiva
Integração Vertical e Horizontal
O que é Sustentabilidade?
Para que possamos entender o conceito de sustentabilidade, é necessário compreender que, ao longo do tempo, a construção de uma visão de sustentabilidade e de preservação do meio ambiente foi mudando de concepção e agregando novos conceitos. O denominado tripé da sustentabilidade incorpora muito dessa evolução.
Um marco para a sustentabilidade foi o Triple Bottom Line (TBL), quando o sociólogo britânico John Elkington, em 1994, concebeu que o equilíbrio entre os três pilares do TBL - econômico, ambiental e social - garante a sustentabilidade.
Segundo Elkington (1994), do ponto de vista econômico, a sociedade busca a criação de projetos com viabilidade econômica e financeira. Logo, fica garantida a atração dos investidores e dos recursos necessários para a implementação dos empreendimentos.
Na visão ambiental, a humanidade deseja e precisa interagir com o meio ambiente de forma a não causar danos irreversíveis ao planeta.
Para o último pilar, o da perspectiva social, a preocupação reside no estabelecimento de condições de trabalho e de vida favoráveis para todos os trabalhadores, todas as partes interessadas do projeto e para toda a sociedade.
De acordo com Elkington (1994), a partir desses três pilares podemos entender que na presença de apenas dois destes não teríamos o equilíbrio desejado.
Quando nos esquecemos do pilar econômico e temos apenas os pilares social e ambiental, ficamos em uma situação suportável, já que o pilar econômico é responsável pela manutenção dos projetos em construção e dos futuros empreendimentos.
Quando nos esquecemos do pilar social e temos apenas os pilares econômico e ambiental, ficamos em uma situação viável, já que o pilar social é responsável por lidar com a educação, a equidade, os recursos sociais, a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas.
Quando nos esquecemos do pilar ambiental e temos apenas os pilares econômico e social, ficamos em uma situação equitável, já que o pilar ambiental é responsável por lidar com as variáveis do ambiente relacionadas a recursos naturais, qualidade da água e do ar, conservação da energia e uso do solo.
Finalmente, quando temos os três pilares sendo operados - o ambiental, o social e o econômico - nós temos a definição da sustentabilidade.
Ela só pode ser alcançada quando existe a busca por qualidade de vida e bem-estar das pessoas, quando os recursos naturais são aproveitados de forma racional para que não ocorra o seu esgotamento para as futuras gerações e quando existe a viabilidade financeira e econômica dos empreendimentos e projetos que são conduzidos, de acordo com Santos (2018).
De acordo com CEBDS (2020), é importante termos em mente que a essência do conceito de sustentabilidade está em perpetuar os recursos do planeta para as próximas gerações.
Desta forma, o conceito está muito ligado às ideias de legado, continuidade e equilíbrio. A permanência do mundo como conhecemos depende de como conseguimos gerenciar os nossos projetos e seus impactos. Os recursos são finitos e todos somos responsáveis pela sua preservação.
Como foi estruturada a Agenda 2030?
Por algum tempo, estudiosos do assunto vêm discutindo sobre como implementar políticas que propiciem o desenvolvimento sustentável. Com este objetivo, foi criada uma agenda que segue um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade e está de acordo com o TBL.
O processo de construção foi amplamente democrático, envolvendo consultas públicas, que priorizaram as temáticas dos novos objetivos após entrevistas com mais de 7 milhões de pessoas no mundo, de acordo com PGRB (2020).
Ao fim deste intenso processo de consultas e debates, foi estabelecida a Agenda 2030. O documento é composto por cerca de cento e setenta metas distribuídas em dezessete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A agenda 2030 e os seus objetivos constituem um conjunto integrado e indivisível de prioridades globais para o desenvolvimento sustentável, de acordo com Carvalho (2015, p.72).
Por que é importante o uso dos fundamentos da Indústria 4.0 em favor da Agenda 2030?
Muitos são os impactos positivos com a chegada da Indústria 4.0. Dentre eles, podemos citar:
Aumento da qualidade de vida do profissional;
Novas atividades surgirão mais eficientes e com menos desperdícios;
Os profissionais serão capazes de executar funções mais complexas e criativas;
Oportunidades profissionais ligadas à indústria digital.
Desta forma, podemos dizer que a Indústria 4.0 será capaz de afetar positivamente o que conhecemos como o TBL (Triple Bottom Line) e seus pilares: econômico, social e ambiental, base para o desenvolvimento dos 17 ODS e da Agenda 2030.
No pilar social do TBL, podemos citar como o fundamento do tempo real será capaz de informar a partir das futuras cidades inteligentes quando ações policiais serão necessárias em uma determinada região ou ainda, atividades de monitoramento via satélite que serão capazes de identificar mudanças repentinas no clima e haverá tempo hábil para que não ocorram desastres em áreas povoadas e que não tenham sido informadas previamente.
Sobre este pilar, também podemos citar o fundamento da virtualização, quando profissionais não precisarão ser posicionados em locais de risco ou prejudiciais à saúde. A partir de sensores e de sistemas de monitoramento remoto, esses funcionários poderão ter sua saúde e vida preservadas.
No pilar econômico do TBL, podemos citar a economia de recursos proporcionado pelo fundamento da modularização trazendo economias significativas para as linhas de produção e para a indústria de uma forma geral.
No pilar ambiental do TBL, podemos citar as vantagens geradas pelo fundamento da descentralização quando as empresas deverão cumprir programações que não afetem o meio ambiente e as legislações vigentes sobre o assunto.
Sobre este pilar, também podemos citar o fundamento da modularização quando a economia de recursos, por si só, é capaz de desacelerar a degradação do meio ambiente, principalmente para aqueles produtos diretamente relacionados à maior poluição ambiental como, por exemplo, o plástico, o chumbo, o mercúrio, dentre tantos outros.
A tabela abaixo apresenta as propostas apresentadas. Vale ressaltar que esta abordagem é exemplificativa e que não pretende esgotar as possibilidades de interação entre os assuntos da Indústria 4.0 e da Agenda 2030.

É possível acreditar que a Indústria 4.0 será capaz de oferecer uma série de benefícios para a humanidade. Se bem aplicadas e operadas, também poderão apoiar na busca por um planeta mais sustentável e para um futuro melhor para as próximas gerações.
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